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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O velho Brasil de sempre . . .

O lado francês da ponte binacional: faz tempo que está pronto.(foto Correio Guianense)
Em Janeiro de 2004, fiz uma viagem de aventureiro, partindo de Santana-AP até Cayenne-FR. A viagem começou de carro, um Pálio Estrada, até a cidade de Oiapoque, 590km de estrada de terra, lama, buracos e asfalto, e de lá fui de lancha, eu e mais uns 15 outros aventureiros, 30 horas no oceano, parando por problemas no motor, se arriscando entre maresias de até 3 metros, e se escondendo da temida PAF - Police Aux Frontières, a polícia francesa de fronteira, que vez por outra passava em helicóptero a média altura, mas como estávamos em noite escura, não nos viam. Enfim pisamos em terra firme, numa praia de Cayenne, e fiquei escondido numa mata próxima, a noite toda até amanhecer, com chuva e carapanã sem trégua. De manhã liguei pra minha prima Arlene, já falecida, que me resgatou desse local ermo, e fomos pra residência dela. Passei uma semana me recuperando, física e psicologicamente, dessa louca viagem, e depois retornei com um amigo pela estrada que vai de Cayenne a Saint-Georges-de-l`Oyapock, cidade na fronteira da Guiana Francesa com o Brasil, 134 km de asfalto de primeira, toda sinalizada, até guard rail tem nas curvas. Chegando lá atravessei o Rio Oiapoque numa daquelas catraias e, pensem na felicidade que é pisar em solo brasileiro: fiquei emocionado só de estar de volta e visualizar a bandeira brasileira no Oiapoque.  
Hoje, vendo toda essa movimentação de políticos amapaenses num vai-e vem à Cayenne para finalizar a questão da tal ponte binacional, que já está concluída, sinto que falta vontade política do lado brasileiro, pois, desde 2004, data de minha viagem, o lado francês da estrada está 100% asfaltada, prontinha pra uso. Já o lado brasileiro, passados quase 8 anos, ainda faltam quase 200km para concluir uma obra que vejo falar em asfaltamento a mais 30 anos. Em relação à ponte, tudo pronto do lado francês, entretanto do lado brasileiro, as obras complementares, como armazéns, guaritas, estacionamentos e áreas de parada, assim como os ambientes para os orgãos fiscalizadores  e da aduana, ainda estão em andamento. 
O Brasil do século 21 não mudou nada se comparado ao Brasil do século passado. Somos grandes em riquezas naturais e estamos crescendo anualmente muito mais que muitos países do primeiro mundo, graças ao povo brasileiro trabalhador, mas a imagem de nossos políticos lá fora continua a mesma, muito parecida à imagem que políticos da Nigéria são vistos no mundo economicamente ativo. Quando vamos mudar?   
 O lado brasileiro da ponte binacional: quase 200km de chão e lama.(foto Ana Biselli)

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