Páginas

sábado, 18 de setembro de 2010

17/09/2010 - 08h57 
http://www1.folha.uol.com.br/poder/800256

Mensalão de ex-governador do AP era de R$ 500 mil, diz delator

Publicidade
DE SÃO PAULO
Depoimentos dados à Polícia Federal indicam que o ex-governador do Amapá Waldez Góes (PDT), candidato ao Senado, recebia uma propina de R$ 500 mil mensais para manter um contrato de fornecimento de alimentos aos presos do Estado, informa reportagem de João Carlos Magalhães, publicada nesta sexta-feira pela Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).
Segundo a reportagem, o assessor jurídico da Secretaria da Segurança Pública do Amapá Luiz Mário Araújo de Lima cooperou com a PF nas investigações da Operação Mãos Limpas. Os depoimentos, de novembro de 2009 e maio deste ano, foram obtidos pela Folha.

As apurações da PF apontaram para um suposto esquema de desvios de recursos públicos no Estado. Na semana passada, 18 pessoas foram presas --entre elas, Góes e Pedro Paulo Dias (PP), atual governador, que continuam detidos em Brasília.
Nas palavras do assessor, a fraude no Iapen (Instituto de Administração Penitenciária do Estado) era "orquestrada" por Góes, sua mulher, Marília, pelo deputado federal Evandro Milhomen (PC do B) e por Francisco Odilon Filho, empresário e dono da Mecon, que fornece as marmitas para os presos.
Em novembro, Lima disse que "teve conhecimento de fraude" e que os recursos "desviados do contrato seriam direcionados a Góes", que "receberia em torno de R$ 500 mil mensais". Ele pediu para ser beneficiado pelo recurso de delação premiada --possibilidade jurídica de um envolvido em crimes ter sua pena amenizada em troca de colaboração.
Lima afirmou que era pressionado e coagido pelo secretário da Segurança, Aldo Ferreira, para fazer "alterações que entendia ilegais em pareceres jurídicos" para "regularizar licitações e contratos". Se não as fizesse, disse, perderia o emprego. Ferreira, segundo Lima, foi uma indicação do senador José Sarney (PMDB-AP).
OUTRO LADO
Sarney, por meio de nota da sua assessoria, negou que tenha interferido na escolha do secretário da Justiça e da Segurança Pública do Amapá ou de qualquer outro secretário do Estado.
Segundo a nota, o presidente do Senado também negou que tenha se reunido com políticos do Amapá para discutir a indicação do delegado para o cargo.


Editoria de Arte/Folhapress

Nenhum comentário: