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quarta-feira, 31 de março de 2010

O adeus de Armando Nogueira, o poeta do futebol.


Faleceu aos 83 anos, Armando Nogueira, na manhã de segunda-feira, em sua casa, na Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro. Há dois anos, ele lutava contra um câncer no cérebro – que lhe roubou primeiro a capacidade de falar e escrever, duas das atividades que mais prezava.
Armando Nogueira, um dos mais brilhantes jornalistas deste país, nasceu no dia 14 de janeiro de 1927, em Xapuri, no Acre. Mudou-se para o Rio de Janeiro com 17 anos, formou-se em Direito e começou a trabalhar como jornalista nos anos 50, no finado "Diário Carioca". Foi repórter, redator e colunista. Trabalhou na "Revista Manchete", em "O Cruzeiro" (de 1957 a 1959) e no "Jornal do Brasil" – onde assinou a coluna “Na Grande Área” por 12 anos. De 1966 a 1990, trabalhou na TV Globo, sendo diretor da Divisão de Esportes e depois diretor de jornalismo, comandando o Jornal Nacional, do qual foi seu idealizador. Em 1992, integrou a equipe da TV Bandeirantes nas Olimpíadas de Barcelona. Nos anos 2000, passou a integrar a equipe do SporTV, onde participava de mesas-redondas e tinha o programa “Papo com Armando Nogueira”. Na internet, teve um blog no GLOBOESPORTE.COM, o Blog do Armando Nogueira, em 2006 e 2007. Na imprensa escrita, o jornalista trabalhou por último no diário Lance!", onde tinha uma coluna. Seu estilo doce e anedótico, que sempre buscava olhar para o esporte com poesia, influenciou várias gerações de torcedores e jornalistas.
Botafoguense, o jornalista homenageou com uma frase o atacante Garrincha, um dos maiores jogadores da história do clube carioca. "Para Garrincha, a superfície de um lenço era um latifundio".
Ele também homenageou Nilton Santos, outro jogador que fez história na equipe alvinegra do Rio de Janeiro. "Tu, em campo, parecias tantos, e no entanto, que encanto! Eras um só, Nílton Santos".
Armando criou frases que se tornaram célebres, dando ares de  poesia ao futebol, tipo:
"Nosso povo não canta o hino no dia 7 de setembro, mas sim quando a Seleção joga. É neste momento que sua manifestação cívica é mais ardente."; ou "Campeão moral é um título que serve para consolar almas penadas."
Armando Nogueira falou sobre o ex-gremista Dener, que morreu em um acidente automobilístico. Personagens como Dener, que jogavam o futebol bonito, eram os que mais inspiravam o cronista:
"A morte o surpreendeu enquanto ele dormia. Se ele estivesse acordado, até ela seria driblada."
Já em 1996, ele concedeu outra entrevista a ZH. Falou sobre os planos para o SporTV e declarou amor à profissão:
"Tenho a alma, a palma e o coração de jornalista".

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